Zen-Budismo

O que é Zen-Budismo?

O Budismo é uma prática que pode ser religiosa, mas é sobretudo, filosófica, um modo de ser no mundo. Enquanto religião, possui um cânone e rituais, mas seu objetivo não é “religare” (do latim, tornar a ligar, a palavra em latim para “religião”), pois não estamos desligados. Para o Budismo, estamos adormecidos ou na escuridão. A prática budista visa o despertar. Buda quer dizer “o desperto”, aquele que acordou, a pessoa que atingiu a iluminação.

Enquanto filosofia, o Budismo é representado por diferentes escolas de pensamento. Existem duas grandes correntes, a mahayana (o grande veículo) e hinayama (o pequeno veículo). Independente da escola filosófica, você vai encontrar os mesmo princípios basilares: as quatro nobres verdades, ensinadas por Siddharta Gautama (563-483 a.C.), o Shakiamuni Buda; e o caminho óctuplo, que leva ao despertar.

Enquanto modo de ser o mundo, o praticante budista está em busca de sua verdadeira natureza, que é “originalmente tudo está bem (tal como é). Originalmente não somos nada (tal como somos)” (Hogen Daido, p. 79).

O Budismo é uma religião sem um deus.

No Budismo não se preconiza que a nossa existência seja controlada ou administrada por uma divindade. Somos frutos de nossas escolhas e, consequentemente, arcamos com as ações decorrentes dessas escolhas.

Os deuses, se é que existem, não interferem, influenciam, determinam, ajudam ou negociam com os seres humanos.

O termo “Buda” quer dizer em sânscrito “acordar” ou “despertar”. Shakiamuni Buda foi o sétimo Buda da nossa era. Nasceu como um príncipe, de nome Sidharta, na tribo dos Shakias. Seu pai era um Rei e sua mãe faleceu logo após seu nascimento. Ele buscou, desde criança, respostas para suas dúvidas existenciais: quem sou eu; de onde vim; para onde vou? Como príncipe, teve os melhores professores de sua época. Aprendeu o bramanismo, religião predominante no seu tempo. Mas continuava sem respostas para seus questionamentos e decidiu abandonar o palácio, o conforto e a riqueza para peregrinar em sua busca.

Em sua peregrinação, Sidharta se deparou com a velhice, a morte e o sofrimento e se uniu aos ascetas em práticas de automortificação e autoindulgência. Chegou a um extremo de fraqueza, depois de passar muito tempo sem se alimentar, até que passou a questionar os métodos ascetas e aceitou comida oferecida por uma menina. Ele, então, sentou-se sob uma árvore, em meditação, e por dias confrontou seus demônios internos, os próprios medos, o sofrimento e a ilusão. Até que, enfim, despertou.

Ao despertar, entendeu o vazio de todas as coisas, ou seja, que nada em si possui uma essência e que todas as coisas são frutos de causa e efeito. E todas estão interrelacionadas.

Na prática principal do Zen-Budismo, está o zazen, “apenas sentar-se”. É a prática feita por Sidharta ao se tornar o Buda, que nos inspira a eliminar nossos próprios medos, sofrimento e ilusões.

 

Um pouco da história do Zen

Zen é a versão japonesa para a palavra Ch’an, por sua vez, traduzida do sânscrito dhyana. Ch’an foi uma escola chinesa de Budismo, que se fortaleceu durante a dinastia T’ang (618-907).

No século XII, o Ch’an chegou ao Japão pelas escolas Soto e Rinzai e os japoneses adaptaram a prática, trazendo o foco para a meditação sentada, zazen, e a resolução de koans, enigmas verbais.

No século XX, o Zen foi levado por missionários japoneses para a Califórnia, na América do Norte, onde se popularizou nos anos 1950, diante da revolta dos jovens contra a sociedade industrial. Dali, o Zen foi para vários outros países.

É difícil definir racionalmente o Zen, pois qualquer definição seria reducionista e não abrangeria o próprio Zen que incide em uma prática não racionalista. Assim, podemos dizer que o Zen é tudo e nada. “O cipreste e o pátio” e “Três linhas de linho”, ou ainda, “é o vosso pensamento de cada dia”.

 

Para saber mais:

O Zen – Jean-Michek Varenne

O caminho aberto – Hogen Daido

Venha para o zazen na Sangha

Zazen é uma forma de meditação que representa a base da prática Zen-Budista.

As atividades de zazen no Instituto Sergio Murilo são conduzidas pelo monge Tokushi e são abertas para qualquer pessoa que queira participar.

Onde praticar zazen em Florianópolis?

A prática é todo sábado às 19h. Quem estiver indo pela primeira vez, deve entrar em contato com o monge Tokushi (48 98467-3606) e chegar com meia hora de antecedência, para as orientações sobre postura e como fazer a prática. Vá com roupas confortáveis e discretas, camiseta e calça longas, de preferência pretas, para que não haja muitos estímulos visuais. Isso ajuda a mente a focar na prática meditativa. Leve repelente, pois costuma ter mosquitos no local de prática.

A sangha é dedicada à Ação Amigos da Aldeia, que leva alimentos todos os meses à aldeia indígena Tekoá Marangatu, por isso, pedimos a doação de um quilo de alimento não perecível. Contribui com a Ação, contribui com a prática de doação, um dos seis paramitas. 

Endereço: Templo Jizenji – Rua Nossa Senhora de Fátima, n. 291 – Areias do Campeche – Florianópolis, SC.

Após o zazen, há cerimônia zen-budista, conduzida pelo monge. Não é necessário ser budista para participar.

IMPORTANTE: entre em contato previamente para confirmar sua ida, pelo contato 48 98467-3606. Participe do nosso grupo WhatsApp, para mais informações. 

Monge Tokushi

Gôdô Tokushi começou a receber treinamento monástico em 2009, sob a orientação do Monge Genshô e foi ordenado monge em julho de 2010, por Saikawa Roshi. Seu nome do dharma, Tokushi significa “preserve o caminho”. 

Em 2017 foi admitido para o tradicional mosteiro de Sojiji, uma das sedes da escola Soto Zen, em Yokohama, no Japão, onde recebeu treinamento monástico formal por oito meses.

Ao retornar, se tornou discípulo de Sato Roshi, com quem permanece estudando o dharma.

Além das atividades monásticas, o monge Tokushi desenvolve outras atividades. Está no Aikidô desde 1999, onde é conhecido como Altair Sensei (quarto dan de Aikidō Aikikai). É Presidente do Instituto Educacional e Cultural Sérgio Murilo, onde ministra classes de Aikidō e desenvolve suas atividades como monge na Comunidade Zen-Budista do Sul da Ilha, templo Jizenji.

Nascido em Florianópolis, no Ribeirão da Ilha, Altair foi atleta de decathlon, pela Fundação Municipal de Esportes de Florianópolis, dos 9 aos 21 anos de idade. Em 1986 entrou para o Exército, servindo no 63° Batalhão de Infantaria, onde foi promovido a Cabo e, no ano seguinte, a 3° Sargento.

Em 1990 entrou para a Polícia Militar de Santa Catarina, passando pela Polícia Ambiental, grupamento aéreo, agência de inteligência, diretoria pessoal e, por último, pelo Centro de Ensino da Instituição. Foi instrutor de Defesa Pessoal Policial Militar e Ética e Cidadania por 15 anos. Ao longo da carreira fez diversos cursos de formação e aperfeiçoamento, dentre eles o de Policiamento Ambiental, Socorros de Urgência, Inteligência e Operações Especiais no BOPE de SC. Graduou-se em Filosofia pela UFSC, em 2009, e fez pós-graduação em Gestão da Educação Interdisciplinar, pela UNESC. Em 2017 entrou para a reserva da Polícia Militar e foi para o Japão, para receber o treinamento monástico. 

Desde então, dedica-se à educação informal no Instituto Sérgio Murilo, às aulas de Aikidô no Kaminowaza Dojô e às práticas como monge. 

Templo Jizenji

O templo Jizenji está localizado ao sul da ilha de Florianópolis, no bairro Areias do Campeche, Rua Nossa Senhora de Fátima, n. 291, a 17 Km do Centro.

As atividades são conduzidas pelo monge Tokushi desde 2014, quando eram feitas no Eremitério Gochuan, que reunia a comunidade Zen-Budista do Sul da Ilha. Em 2016 a comunidade foi instalada no Kaminowaza Dôjô, na sede do Instituto Sérgio Murilo.

A comunidade virou templo em 2018 e o nome Jizenji foi dado em uma cerimônia conduzida pelo Monge Sato Sensei, quando a comunidade Zen-Budista do Sul da Ilha recebeu o templo para suas práticas.

Jizenji é traduzido como o Templo da Montanha da Beneficência (慈善寺).

Dúvidas frequentes

O que é zen?
Zen é uma palavra que já ganhou a linguagem popular como sinônimo de tranquilidade e simplicidade. Esta interpretação não está errada, mas não é só isso.

Zen é a versão japonesa para a palavras Ch’an, por sua vez, traduzida do sânscrito dhyana. Ch’an foi uma escola chinesa de Budismo, que se fortaleceu durante a dinastia T’ang (618-907).
É difícil definir racionalmente o Zen, pois qualquer definição seria reducionista e não abrangeria o próprio Zen que incide em uma prática não racionalista. Assim, podemos dizer que o Zen é tudo e nada, “o cipreste o pátio”, “três linhas de linho”, ou ainda, “é o vosso pensamento de cada dia”. (O Zen – Jean-Michek Varenne)

O que é zazen?
Zazen é uma prática de “apenas sentar-se”. O praticante se senta em uma almofada, com a coluna ereta e foca completamente em sua respiração. Se chegam pensamentos, o praticante simplesmente os deixa ir embora, sem se apegar, sem se julgar, apenas respirando.

Zazen e meditação são a mesma coisa?
Existem diversas práticas de meditação. Zazen pode ser considerada uma meditação, mas quando consideramos a etimologia da palavra “meditar”, que significa “pensar sobre algo”, “refletir”, entendemos que zazen é a prática do zen, não uma meditação.

Mindfulness e Zen-Budismo são a mesma coisa?
O Mindfulness se baseia na filosofia zen para a prática da mente presente em atividades cotidianas, como uma forma de minimizar o estresse da vida profissional. Apesar dessa proximidade, Mindfulness não é Zen-Budismo.

Quais os benefícios da prática de zazen?
Se você perguntar para um monge ele responderá que o zazen não é feito para trazer benefícios, pois a prática é “apenas sentar-se”, sem esperar nenhum resultado. Pensar em resultados induz a um pensamento relacionado à prática e isso já seria uma corruptela da prática. No entanto, há diversas pesquisas que relacionaram a prática de zazen na redução do desconforto de pacientes com câncer, controle de sintomas da ansiedade, depressão e do sofrimento com questões cotidianas.

Sou uma pessoa cheia de ansiedade e agitada, acho que não consigo me sentar para meditar.
Ouvimos isso de muitas pessoas, muitas mesmo! E o que percebemos é que se você é uma pessoa nervosa, ansiosa e agitada, o zazen é feito para você. Vai te ajudar a ser mais tranquila, calma e plena. Tudo o que você tem que fazer é dar uma chance para apenas se sentar e respirar. Se seu interesse em melhorar é legítimo, fazer isso não será um esforço, será o início de um caminho de desenvolvimento pessoal, que vai te levar a conquistar o que você almeja.

Zen-Budismo é religião ou filosofia?
É religião, uma vez que está embasado em cânones. E é filosofia, uma vez que não é necessário ser budista para praticar os ensinamentos de Buda. O próprio Shakiamuni considerava desnecessário que o despertar dependesse de uma religião. No Sutra do Diamante, ele exemplifica desta forma: se você usa um barco para atravessar o rio, depois de atravessar o rio, você não precisa mais do barco, então pra quê vai carregá-lo nas costas? A religião e os próprios ensinamentos são o barco.

Preciso ser Budista para praticar zazen ou frequentar as cerimônias?
Não precisa. Qualquer pessoa é bem-vinda para a prática.

O que é Zazenkai?
Zazenkai é um dia inteiro de prática zen, com momentos de zazen, samu (trabalho comunitário), refeições formais e cerimônias. 

O que é Sesshin?
Sesshin é um retiro de dois dias ou mais. O sesshin pode ser realizado em um local fechado, ou aberto e compreende um cronograma de práticas de zazen, samu, cerimônias e refeições formais, tendo, por vezes, atividades físicas ou oficinas relacionadas às práticas zen-Budistas. 

O que é samu?
Samu é a palavra japonesa para “trabalho comunitário”, que consiste em qualquer atividade coletiva, em benefício dos praticantes, como varrer o chão, lavar a louça, cuidar do jardim, limpar o local de prática, ajudar na cozinha ou qualquer atividade necessária à prática. 



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